quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

amanhã, nada, eu

Por viver  e respirar

rasguei ventres, rasguei brumas!



Coroas mortuárias p’ra isso!



Por crescer e ser eu

Rasguei mentes, rasguei seres!



Coroas mortuárias p’ra isso.



Para afirmar o meu ser

Rasguei livros, rasguei convenções!

Coroas…


enterrei mitos e crenças!

Tive dores, lutos, prantos´…


Coroas mortuárias p’ra isso



Quiz ser normal, neguei-me

Alojei-me no conforto…

Nada fui, nada disse!



Coroas mortuárias p’ra isso



Fui eu, labutei, sofri, amei…

Sim, já antes tinha amado e perdi!

Sim, amei contra todas as tradicionais convenções…!



Fui eu e sofri, sangrei de alma!

O segredo de ser pode morrer em mim!

pode matar meu eu!


Coroas mortuárias p’ra isso



Mas…



Amar está para aquém e além tempo

Mas muito p’ra lá de além valor!

E morrer, é ficar num qualquer ermo

Perdido aquém e além tempo…

Um poço de pó, nada mais!



Coroas mortuárias p’ra isso!



Hoje, só eu!

Só eu sei quem sou!

Só eu sei quem amo!

Só eu sei que carne quero!

e posso sentir em silêncio!



Amanhã…?



Cheiro de flores podres!!!!



Quero lá saber…!



Contra todas as convenções…



Amarei e sonharei infinitos!



Mas morto eu…



Dispenso as mortuarias coroas de flores!



 Vicente de Sá, 2012

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